sexta-feira, 20 de julho de 2012

Questão 1 - Simulado 23/2012 - Direito Administrativo

Conforme combinado, seguem os gabaritos comentados.
Até a próxima,
Gentil

1. Existem vários critérios de classificação dos órgãos públicos, tais como, os critérios de “esfera de ação”, “posição estatal”, “estrutura”, dentre outros. No que concerne ao critério “posição estatal”, as Casas Legislativas, a Chefia do Executivo e os Tribunais são órgãos públicos
(A) autônomos.
(B) superiores.
(C) singulares.
(D) centrais.
(E) independentes.
E
Primeiramente, é necessário salientar que a Administração Pública pode ser dividida de duas formas: Direta ou Indireta.
A Administração Indireta é composta de autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista, as quais surgem de um processo de descentralização.
Já a Administração Direta compõe-se de órgãos sem personalidade jurídica própria, os quais surgem de um processo de desconcentração.
A doutrina conceitua os órgãos públicos de “unidades abstratas que sintetizam os vários círculos de atribuições” (Celso Antônio Bandeira de Mello), “centros especializados de competências” (Hely Lopes Meirelles) etc. Enfim, é um forma de repartição de competências internas, cada qual com sua atribuição, de modo a tornar a prestação dos serviços públicos mais eficiente.
Assim, existem várias formas de classificar os órgãos públicos:
1)      Quanto à sua estrutura: simples (unitários) ou compostos (quando reúnem outros órgãos dentro de sua estrutura).
2)      Quanto à atuação funcional: singulares (um só titular) ou colegiados (nestes as decisões são tomadas por duas ou mais pessoas).
3)      Quanto às suas funções: ativos (de direção superior e de execução), consultivos e de controle (fiscalização).
4)      Quanto à esfera de atuação: centrais (atribuições para todo o país) e locais (com atuação regionalizada).
5)      Quanto à posição estatal: independentes (originam-se da CF, encontram-se no topo da hierarquia e não se subordinam a nenhum outro órgão), autônomos (diretamente abaixo dos órgãos acima, porém gozando de autonomia financeira, administrativa e técnica), superiores (órgãos com poder de direção, comando, controle e decisão dentro de sua alçada) e subalternos (estão no piso da hierarquia organizacional).
Deste modo, torna-se claro que a alternativa correta é a letra E, pois a Chefia do Poder Executivo, as Casas Legislativas e os Tribunais têm origem direta da CF, não se subordinando a nenhum outro órgão, mas apenas controlando uns aos outros pela teoria dos pesos e contrapesos.

Questão 2 – Simulado 23/2012 – Direito Administrativo

2. Com a extinção do órgão público “X”, foi extinto o cargo público ocupado por João, que é servidor público federal estável. No entanto, com tal extinção, João foi colocado em disponibilidade. Nos termos da Lei no 8.112/1990, João
(A) deveria obrigatoriamente ter sido redistribuído, não sendo possível sua colocação em disponibilidade pela Administração Pública.
(B) será aproveitado em vaga que vier a ocorrer em órgãos ou entidades da Administração Pública Federal ou Estadual, mediante determinação do órgão Central do Sistema de Pessoal Civil.
(C) retornará à atividade mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado.
(D) terá cassada sua disponibilidade e tornado sem efeito eventual aproveitamento, caso não entre em exercício no prazo legal, ainda que por motivo de doença comprovada por junta médica oficial.
(E) não poderá ser mantido sob responsabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal - SIPEC, até seu adequado aproveitamento.
C
A letra A está incorreta, pois o caso concreto não se afigura entre as possibilidades emanadas da redistribuição prevista no art. 37 do Estatuto do Serviço Público Civil Federal:
Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão central do SIPEC, observados os seguintes preceitos:
I - interesse da administração;
II - equivalência de vencimentos;
III - manutenção da essência das atribuições do cargo;
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e complexidade das atividades;
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação profissional;
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finalidades institucionais do órgão ou entidade
 Por outro lado, a letra B também está errada, pois, apesar de ser hipótese clara de aproveitamento, ele não deve ser encaixado no âmbito da Administração Pública Estadual. Vejamos o art. 31 da mesma lei:
Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil determinará o imediato aproveitamento de servidor em disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou entidades da Administração Pública Federal.
De acordo com a informação acima e conjugando-a com o art. 30, percebe-se que a letra C está correta e em conformidade com o ordenamento pátrio.
Art. 30. O retorno à atividade de servidor em disponibilidade far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado.
A letra D está errada. Basta simples leitura do art. 32:
Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por junta médica oficial.
Por fim, a letra E também está em manifesta dissonância com a letra da lei. Observe-se o art. 31, parágrafo único, da Lei 8.112/90:
Art. 31. Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3o do art. 37, o servidor posto em disponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal - SIPEC, até o seu adequado aproveitamento em outro órgão ou entidade.
Art. 37. § 3o Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou entidade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no órgão ou entidade, o servidor estável que não for redistribuído será colocado em disponibilidade, até seu aproveitamento na forma dos arts. 30 e 31.

Questão 3 – Simulado 23/2012 – Direito Administrativo

3. Guilherme, servidor público federal, recebeu vantagem econômica para fazer declaração falsa sobre avaliação em obra pública. Ricardo, também servidor público federal, através de determinado ato, facilitou que terceiro enriquecesse ilicitamente. Segundo as disposições legais expressas contidas na Lei no 8.429/1992, as condutas de Guilherme e Ricardo constituem
(A) ato ímprobo que importa enriquecimento ilícito e ato ímprobo causador de prejuízo ao erário, respectivamente.
(B) apenas ilícito penal, não caracterizando atos de improbidade administrativa, dada a atipicidade das condutas.
(C) ato ímprobo causador de prejuízo ao erário e ato ímprobo que atenta contra os princípios da Administração Pública, respectivamente.
(D) ato ímprobo que importa enriquecimento ilícito e ato ímprobo que atenta contra os princípios da Administração Pública, respectivamente.
(E) atos ímprobos que importam enriquecimento ilícito.
A
Com relação à lei de improbidade administrativa, é importante desde já ressaltar que o mesmo ato poderá, em algumas situações, configurar ato ímprobo que se encaixe em mais de uma hipótese (a depender de seus reflexos): enriquecimento ilícito, lesão ao erário e afronta aos princípios da Administração Pública. Aliás, este último, fatidicamente, englobará todos os demais casos, principalmente pelo fato de todos os casos previstos na lei serem simplesmente exemplificativos.
Pois bem, os atos praticados na questão, por seu turno, estão devidamente previstos da LIA nos seguintes dispositivos, respectivamente:
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente: (...)
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente: (...)
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;
Desse modo, encontra-se correta a alternativa A.

Questão 4 – Simulado 23/2012 – Direito Administrativo

4. No curso de determinada ação de improbidade administrativa, um dos réus vem a falecer, razão pela qual, é chamado a intervir na lide, seu único sucessor Felipe, empresário do ramo hoteleiro. Ao final da demanda, todos os réus são condenados pela prática de ato ímprobo previsto no artigo 11, da Lei no 8.429/1992 (violação aos princípios da Administração Pública), sendo-lhes impostas as seguintes sanções: ressarcimento integral do dano, perda da função pública e suspensão dos direitos políticos por cinco anos. Nesse caso, Felipe
(A) responderá apenas pelo ressarcimento do dano, devendo arcar, obrigatoriamente, com a reposição integral do prejuízo causado ao erário.
(B) estará sujeito à suspensão dos direitos políticos e ao ressarcimento integral do dano.
(C) não está sujeito às cominações previstas na Lei de Improbidade Administrativa.
(D) estará sujeito às três sanções impostas.
(E) responderá apenas pelo ressarcimento do dano, até o limite do valor da herança.
E
Por meio desta questão, é interessante notar que algumas sanções não poderão passar da pessoa do condenado, razão pela qual, caso ele venha a óbito, não poderão ultrapassar a sua pessoa. É o caso da perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos.
Por outro lado, o ressarcimento do dano, por ter natureza cível, deverá ser arcada pelos sucessores, mas não necessariamente de forma integral. O ressarcimento estará limitado ao montante recebido em herança.
Assim dispõe com clareza o art. 8º da Lei de Improbidade Administrativa:
Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações desta lei até o limite do valor da herança.
Dessa forma, correta a alternativa E.

Questão 5 – Simulado 23/2012 – Direito Administrativo

5. Nos termos da Lei no 8.112/1990, no que diz respeito ao auxílio-moradia, é correto afirmar:
(A) O valor do auxílio-moradia poderá superar 25% (vinte e cinco por cento) da remuneração de Ministro de Estado.
(B) Será possível a concessão da vantagem, ainda que a pessoa que resida com o servidor também receba auxílio-moradia.
(C) No caso de falecimento, exoneração, colocação de imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel, o auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês.
(D) Conceder-se-á a vantagem ao servidor desde que, dentre outros requisitos legais, o deslocamento tenha sido por força de alteração de lotação ou nomeação para cargo efetivo.
(E) Será possível a concessão da vantagem, ainda que o cônjuge ou companheiro do servidor ocupe imóvel funcional.
C
O auxílio-moradia, juntamente com a ajuda de custo, as diárias e o transporte, constituem-se em vantagens deferidas ao servidor sob a modalidade “indenizações”, o que significa que tais valores não podem ser incorporados ao vencimento/provimento para qualquer efeito.
Estes valores também não “serão computadas, nem acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer outros acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fundamento” (art. 50 da lei 8.112/90).
Aliás, não incide Imposto de Renda sob tais valores, justamente pelo fato de se tratar de montante que serve para compensar um determinado gasto efetivamente ocorrido para o servidor em razão do desenvolvimento de suas atividades. Ou seja, não se trata de pagamento “pelo” trabalho, mas “para” o trabalho.
Citemos o art. 60-A para melhor compreensão da verba:
Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento das despesas comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel de moradia ou com meio de hospedagem administrado por empresa hoteleira, no prazo de um mês após a comprovação da despesa pelo servidor Dito isto, vamos às alternativas.
A letra A está incorreta e contradiz o esposado pelo art. 60-D, §1º:
Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a 25% (vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comissão, função comissionada ou cargo de Ministro de Estado ocupado.
§ 1o O valor do auxílio-moradia não poderá superar 25% (vinte e cinco por cento) da remuneração de Ministro de Estado
 A letra B, por outro lado, também está equivocada, pois o auxílio-moradia será deferido àquele que cumprir com os requisitos do art. 60-B, inclusive inciso IV:
Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se atendidos os seguintes requisitos:
IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba auxílio-moradia;
A letra C, por sua vez, está plenamente correta e em conformidade com o art. 60-E:
Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, colocação de imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel, o auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês.
A letra D está totalmente ao contrário do art. 60-B, VIII:
Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se atendidos os seguintes requisitos:
VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração de lotação ou nomeação para cargo efetivo.
E a letra E é uma das hipóteses em que não poderá ser deferido o auxílio-moradia, portanto, errada:
Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se atendidos os seguintes requisitos:
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel funcional;

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Simulado 23/2012 - Direito Administrativo


Caros leitores,
Hoje vamos analisar questões das provas para Analista Judiciário (Áreas Judiciária e Administrativa) do TRT da 11ª região. Tais provas foram elaboradas pela FCC e foram aplicadas no início de 2012.
Amanhã publico as respostas.
Bons estudos!
Gentil
                 
1. Existem vários critérios de classificação dos órgãos públicos, tais como, os critérios de “esfera de ação”, “posição estatal”, “estrutura”, dentre outros. No que concerne ao critério “posição estatal”, as Casas Legislativas, a Chefia do Executivo e os Tribunais são órgãos públicos
(A) autônomos.
(B) superiores.
(C) singulares.
(D) centrais.
(E) independentes.

2. Com a extinção do órgão público “X”, foi extinto o cargo público ocupado por João, que é servidor público federal estável. No entanto, com tal extinção, João foi colocado em disponibilidade. Nos termos da Lei no 8.112/1990, João
(A) deveria obrigatoriamente ter sido redistribuído, não sendo possível sua colocação em disponibilidade pela Administração Pública.
(B) será aproveitado em vaga que vier a ocorrer em órgãos ou entidades da Administração Pública Federal ou Estadual, mediante determinação do órgão Central do Sistema de Pessoal Civil.
(C) retornará à atividade mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado.
(D) terá cassada sua disponibilidade e tornado sem efeito eventual aproveitamento, caso não entre em exercício no prazo legal, ainda que por motivo de doença comprovada por junta médica oficial.
(E) não poderá ser mantido sob responsabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal - SIPEC, até seu adequado aproveitamento.

3. Guilherme, servidor público federal, recebeu vantagem econômica para fazer declaração falsa sobre avaliação em obra pública. Ricardo, também servidor público federal, através de determinado ato, facilitou que terceiro enriquecesse ilicitamente. Segundo as disposições legais expressas contidas na Lei no 8.429/1992, as condutas de Guilherme e Ricardo constituem
(A) ato ímprobo que importa enriquecimento ilícito e ato ímprobo causador de prejuízo ao erário, respectivamente.
(B) apenas ilícito penal, não caracterizando atos de improbidade administrativa, dada a atipicidade das condutas.
(C) ato ímprobo causador de prejuízo ao erário e ato ímprobo que atenta contra os princípios da Administração Pública, respectivamente.
(D) ato ímprobo que importa enriquecimento ilícito e ato ímprobo que atenta contra os princípios da Administração Pública, respectivamente.
(E) atos ímprobos que importam enriquecimento ilícito.

4. No curso de determinada ação de improbidade administrativa, um dos réus vem a falecer, razão pela qual, é chamado a intervir na lide, seu único sucessor Felipe, empresário do ramo hoteleiro. Ao final da demanda, todos os réus são condenados pela prática de ato ímprobo previsto no artigo 11, da Lei no 8.429/1992 (violação aos princípios da Administração Pública), sendo-lhes impostas as seguintes sanções: ressarcimento integral do dano, perda da função pública e suspensão dos direitos políticos por cinco anos. Nesse caso, Felipe
(A) responderá apenas pelo ressarcimento do dano, devendo arcar, obrigatoriamente, com a reposição integral do prejuízo causado ao erário.
(B) estará sujeito à suspensão dos direitos políticos e ao ressarcimento integral do dano.
(C) não está sujeito às cominações previstas na Lei de Improbidade Administrativa.
(D) estará sujeito às três sanções impostas.
(E) responderá apenas pelo ressarcimento do dano, até o limite do valor da herança.

5. Nos termos da Lei no 8.112/1990, no que diz respeito ao auxílio-moradia, é correto afirmar:
(A) O valor do auxílio-moradia poderá superar 25% (vinte e cinco por cento) da remuneração de Ministro de Estado.
(B) Será possível a concessão da vantagem, ainda que a pessoa que resida com o servidor também receba auxílio-moradia.
(C) No caso de falecimento, exoneração, colocação de imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel, o auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês.
(D) Conceder-se-á a vantagem ao servidor desde que, dentre outros requisitos legais, o deslocamento tenha sido por força de alteração de lotação ou nomeação para cargo efetivo.
(E) Será possível a concessão da vantagem, ainda que o cônjuge ou companheiro do servidor ocupe imóvel funcional.

Simulado 22_2012 - Penal e Processo Penal - Comentários


Prezados,

Segue mais uma série de questões comentadas especialmente para nossos leitores, com a sempre abrangente abordagem da equipe AEJUR, à luz da legislação, jurisprudência e doutrina aplicáveis.
Bons estudos e até a próxima.
Fraternal abraço,
Jorge Farias

Simulado 22_2012 - Penal e Processo Penal - Questão 01


Questão 01
(FCC – DPE/SP – Defensor Público – 2012)
Prisão provisória.
(A) Ausentes os requisitos para a decretação da prisão preventiva poderá o juiz, no curso do processo, decretar a prisão domiciliar caso o réu esteja extremamente debilitado por motivo de doença grave.
(B) Em qualquer fase da investigação policial poderá o juiz decretar, de ofício, a prisão preventiva do indiciado.
(C) Em relação à prisão temporária, constata-se o fumus comissi delicti quando presente fundadas razões de autoria ou participação do indiciado em crimes taxativamente relacionados na Lei federal nº 7.960/89, que disciplina a prisão temporária, exceto se for autorizada para outros crimes por legislação federal posterior.
(D) A publicação de sentença condenatória, que impõe regime inicialmente fechado para o cumprimento da pena privativa de liberdade, constitui marco impeditivo para a concessão da liberdade provisória ao condenado.
(E) A partir da entrada em vigor da Lei federal nº 12.403/11, que reformou parcialmente o Código de Processo Penal, não mais se admite a decretação da prisão preventiva de acusado pela prática de crime doloso cuja sanção máxima em abstrato não ultrapasse quatro anos de reclusão.

Gabarito: “C”
(Comentários – Jorge Farias)
Como visto, a questão trata do disciplinamento legal e jurisprudencial sobre as diversas modalidades de prisão provisória, em especial a preventiva e a temporária.

(A) Ausentes os requisitos para a decretação da prisão preventiva poderá o juiz, no curso do processo, decretar a prisão domiciliar caso o réu esteja extremamente debilitado por motivo de doença grave. INCORRETO.
Com a reforma empreendida pela Lei nº 12.403/2011, a prisão domiciliar deixou de ser mera modalidade de execução da pena, para se tornar também modalidade de cumprimento da prisão preventiva:
Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial.

Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for:
I - maior de 80 (oitenta) anos;
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave;
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência;
IV - gestante a partir do 7o (sétimo) mês de gravidez ou sendo esta de alto risco.
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo.”
Como visto, a prisão domiciliar, no curso do processo somente tem lugar como substitutiva da prisão preventiva. Portanto, ausentes os requisitos para a decretação da preventiva, descabe cogitar da imposição de prisão domiciliar.
De modo que INCORRETA a assertiva.

(B) Em qualquer fase da investigação policial poderá o juiz decretar, de ofício, a prisão preventiva do indiciado. INCORRETO.
A decretação, de ofício, da prisão preventiva é vedada em sede de investigação policial, pois expressamente ressalvada tal faculdade ao “curso da ação penal”, a teor do que preceitua o art. 311 do CPP:
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial.

(C) Em relação à prisão temporária, constata-se o fumus comissi delicti quando presente fundadas razões de autoria ou participação do indiciado em crimes taxativamente relacionados na Lei federal nº 7.960/89, que disciplina a prisão temporária, exceto se for autorizada para outros crimes por legislação federal posterior. CORRETO.
O fumus comissi delicti da prisão temporária demanda a configuração de qualquer dos crimes elencados pela Lei nº 7.960/89, em rol taxativo, quais sejam:
Art. 1° Caberá prisão temporária:
I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade;
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:
a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);
b) seqüestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°);
c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
e) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único);
g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único);
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e parágrafo único);
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art. 285);
l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;
m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956), em qualquer de sua formas típicas;
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976);
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de 1986)”.
Ou seja, combinam-se os requisitos dos incisos I ou II (entre si, são alternativos e não cumulativos) à ocorrência de algum dos crimes listados no inciso III, não havendo óbice a que o mencionado rol delituoso seja ampliado por legislação federal posterior, ante a competência privativa da União para legislar sobre Direito Penal (art. 22, inciso I, da CF/88).

(D) A publicação de sentença condenatória, que impõe regime inicialmente fechado para o cumprimento da pena privativa de liberdade, constitui marco impeditivo para a concessão da liberdade provisória ao condenado. INCORRETO.
A mera prolação de sentença condenatória, por si só, ainda que a regime inicial fechado, não constitui óbice à concessão de liberdade provisória ao condenado, pois, nos termos do art. 387 do CPP, com a redação dada pela Lei 11.719/2008:
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:
(…)
Parágrafo único. O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento da apelação que vier a ser interposta.”
Note-se que tal dispositivo deve conjugado com o que dispõe o art. 321 do CPP:
Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste Código.” (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Portanto, INCORRETA a assertiva.

(E) A partir da entrada em vigor da Lei federal nº 12.403/11, que reformou parcialmente o Código de Processo Penal, não mais se admite a decretação da prisão preventiva de acusado pela prática de crime doloso cuja sanção máxima em abstrato não ultrapasse quatro anos de reclusão. INCORRETO.
Cuidado para mais uma assertiva tendente a induzir o candidato em erro, na medida em que, conquanto a situação narrada seja a regra (cabimento da preventiva para crime doloso a que se comine pena máxima superior a quatro anos), também se devem considerar as hipóteses elencadas no art. 313 do CPP:
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal;
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência;
(…)
Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida.”
Portanto, INCORRETA a assertiva.